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A moda brasileira: um retrato de 1990 a 2020

Do minimalismo dos anos 90 à diversidade e sustentabilidade das décadas seguintes, a moda no Brasil evoluiu, incorporando tendências globais e reafirmando seu caráter autêntico e inovador.

1991-2000

Ilustração de bonecs vestindo a moda entre os anos 90 e 2000

A casualidade tomou conta dos anos 1990. As peças mais populares eram camisetas com estampas e logotipos, vestidos slip (tipo camisola), calças baggy, minissaias, tops, macacões jeans, bucket hats (chapéu pescador), gargantilhas e prendedores de cabelo coloridos (scrunchies).

A década também foi o grande momento das supermodelos. Kate Moss, Cindy Crawford, Naomi Campbell e Linda Evangelista, entre várias outras, ganharam fama no nível de estrelas de cinema, tornando-se as faces das casas de luxo para as quais desfilavam.

Sandálias plataforma e de tiras, sapatos de bico fino, tênis esportivos, tamancos, saltos de bico quadrado, saltos transparentes e coturnos eram calçados muito utilizados naquele tempo.

Os homens passaram a usar roupas ainda mais largas e relaxadas, como jeans, camiseta e camisas oversized. Com o nascimento do movimento grunge, os mais jovens passaram a se vestir como Kurt Cobain: jeans rasgados, camisetas básicas, blusa de flanela e xadrez. Os artistas do hip hop, cada vez mais famosos, também ditaram tendências, aumentando o uso de bonés, shorts e tênis de basquete, moletons e durag (faixa de tecido usado na cabeça por homens afro-americanos).

Kurt Cobain gravando o especial MTV Unplugged (1993)
Foto: Getty Images

O começo dos anos 90 foi difícil no Brasil por causa das consequências financeiras do Plano Collor. Na época, centenas de empresas têxtil tiveram que fechar as portas, o que causou a demissão de quase um milhão de trabalhadores. Sendo assim, o fato de que a moda era mais simples e de fácil manutenção, ajudou — ou ao menos não atrapalhou — as pessoas.

A partir de 1994, as coisas melhoraram. Começava, então, o sistema de licensing no setor e a intensificação da produção em massa. Estilistas renomados colaboraram com cadeias de lojas consideradas populares, o que ajudou a tornar a moda mais acessível.

O mercado de luxo também prosperou. Muitas grifes internacionais foram levadas para São Paulo, como Prada, Gucci e Versace. A grande mediadora foi a Daslu, que cravou sua relevância para a moda e o comércio da capital paulista, assim como de todo o Brasil.

Vários nomes ajudaram a moldar a moda da época, como os estilistas Walter Rodrigues e Ocimar Versolato, assim como Gisele Bündchen, a primeira modelo brasileira a conquistar o mundo. As bandas e grupos musicais também contribuíram para a disseminação e fortalecimento de certos estilos. No rock, Angra e Sepultura. No rap, Racionais MC’s e Planet Hemp. No skate punk, Charlie Brown Jr. e CPM 22.

Foi também nessa época que os grandes desfiles se tornaram comuns no Brasil, levando o país para a rota internacional da moda com o Morumbi Fashion, que se tornaria mais tarde o São Paulo Fashion Week.

Eventos marcantes entre 1991 e 2000:

  • 1991 – Fundação da Christian Louboutin.
  • 1991 – Fundação da marca carioca Animale.
  • 1992 – Surgimento do grunge, em Seattle (EUA).
  • 1992 – Estreia da novela Vamp, que chamou atenção pela trama divertida e os figurinos com estética gótica e sexy. 
  • 1993 – Fundação do Instituto Zuzu Angel.
  • 1994 – Primeira edição da Phytoervas Fashion, com intuito de lançar e promover novos talentos na indústria brasileira.
  • 1995 – Criação da Academia Brasileira da Moda.
  • 1995 – Criação da marca paulista Cavalera, pelo ex-deputado Alberto Hiar e Igor Cavalera, ex-baterista do Sepultura.
  • 1996 – Primeira edição do Morumbi Fashion, que posteriormente se tornaria São Paulo Fashion Week.
  • 1997 – Criação da marca carioca Farm.
  • 1997 – Primeira edição da Semana da Moda no Brasil, organizada pelo jornalista e agitador cultural André Hidalgo.

2001-2010

Ilustrações dos bonecos usando a moda dos anos 2000 até 2010

Essencialmente, a moda dos anos 90 continuou nos anos 2000, mas com algumas modificações e elementos-chave: jeans de cintura baixa, camisetas apertadas (chamadas na época de baby looks), boleros, conjuntos esportivos de plush, saias e vestidos curtos, barriga de fora, maquiagem brilhante, gloss labial, jeans e sobreposições.

Nos pés, sandálias com dedos à mostra, botas plataforma até acima da canela, tênis de esporte, tamancos, saltos scarpin, botas de bico fino e sapatilhas.

Essa é a época em que as estrelas teen fizeram sucesso estrondoso. No começo da década, Hilary Duff, Amanda Bynes, Lindsay Lohan e Britney Spears. A partir de 2003, Raven Symone, Miley Cyrus, Selena Gomez, Ashley Tisdale e Vanessa Hudgens, todas da Disney. As socialites também começam a chamar atenção, como Paris Hilton, Nicole Richie e Kim Kardashian.

No Brasil, a moda jovem foi influenciada pelas celebridades internacionais, mas também era muito representada pelas várias temporadas de Malhação e, partindo de 2005, pela novela mexicana Rebelde.

Além da moda hip hop com elementos de basquete e as roupas folgadas que surgiram nos anos 90, os artistas masculinos adotaram um estilo de nuances futurísticas, com couro brilhante, peças metalizadas, cabelos loiros espetados e óculos de lentes coloridas. A estética pode ser ligada aos filmes da franquia Matrix (1999) e ao grupo NSYNC. Também houve a febre das camisas havaianas e colares de concha.

A alta costura brasileira cresceu. O relacionamento com as casas europeias e norte-americanas ficou ainda maior, e o país exportou mais modelos para as passarelas internacionais. Depois de Gisele Bündchen, Adriana Lima, Camila Alves, Raquel Zimmermann e Alessandra Ambrósio brilharam fora do país.

Em 2001, o Morumbi Fashion ganhou o nome de São Paulo Fashion Week, tornando-se uma das maiores semanas de moda do mundo. A primeira edição recebeu coleções da Swarovski, Dolce & Gabbana e Alexander McQueen — sem contar as grifes brasileiras.

Eventos marcantes entre 2000 e 2011:

  • 2001 – Primeira edição da São Paulo Fashion Week.
  • 2004 – Victoria Secret’s lança a turnê Angels Across America para promover a marca em Nova York, Las Vegas, Los Angeles e Miami. Incluía as modelos Gisele Bündchen, Heidi Klum, Tyra Banks, Adriana Lima e Alessandra Ambrosio.
  • 2005 – Criação da marca paulista John John.
  • 2005 – Estreia da novela Belíssima, com enredo focado no universo da moda.
  • 2008 – Lady Gaga lança seu primeiro single, Just Dance, e impressiona o mundo com seu estilo musical e estético.
  • 2010 – Morte de Alexander McQueen.
  • 2010 – Lançamento do Instagram.

Leia também: Estilo Y2K: o retorno da moda dos anos 2000 

2011-2020

Bonecos ilustrando a moda nos anos 2010 até 2020

A internet traz um novo jeito de se ter acesso às informações, muito mais eficiente e rápido do que em qualquer momento da história. Com isso, surge um intenso sentimento de nostalgia em relação à moda das décadas anteriores, principalmente entre os anos 1960 a 1990.

Nas maiores passarelas da indústria, grandes designers incorporam as trends do passado em suas coleções, mas com a liberdade do século XXI para aplicar visões inovadoras e que não pareçam datadas.

A beleza dos anos 2010 é a diversidade de estilos. Com tanta coisa acontecendo a todo tempo, o universo fashion se expandiu para além dos limites da época. Roupas apertadas dividiram espaço com o oversized típico do street style, jeans se tornaram roupas elegantes de trabalho, o casual chic ganhou o coração até mesmo de quem vive de alta costura e as roupas esportivas ganharam ares muito mais luxuosos.

A modelo Bella Hadid usa roupas com estética oitentista (2018)
Foto: Just Jared

É a partir de 2011 que a explosão dos influenciadores digitais começam. Naquela época, antes das plataformas de vídeos curtos, as pessoas se aventuravam em blogs e canais no YouTube. Foi assim que algumas das maiores influencers do Brasil no segmento de moda e maquiagem surgiram. Camila Coelho, Silvia Braz, Thássia Naves e Bianca Andrade (Boca Rosa) são apenas algumas.

Em meados da década, a moda começa a ganhar um cunho de justiça social, acompanhando as crescentes discussões sobre feminismo, combate ao racismo, inclusão de corpos, respeito à comunidade LGBTQIAP+, direitos animais e sustentabilidade.

A indústria mundial iniciou movimentações para minimizar efeitos negativos que nunca antes foram discutidos. Por exemplo, a exploração de trabalhadores na confecção de roupas, a crueldade do uso de materiais de origem animal, diversidade sobre “corpos reais”, aproximação da moda agênero, práticas de upcycling (reutilização criativa de produtos), impactos ao meio ambiente causados pelos processos detratores da fast fashion e o respeito às minorias.

Até o final da década, o público tornou-se muito mais exigente em relação à responsabilidade que as empresas e profissionais têm sobre a moda, buscando maneiras de democratizar e humanizar um setor considerado por muitos como distante e elitista.

Em 2020, o mundo parou por causa da pandemia de covid-19, o que obrigou as marcas a interromper suas operações e buscar soluções criativas para continuar, como criar ambientes no metaverso para a realização de desfiles e usar ferramentas de Inteligência Artificial (IA) atreladas às redes sociais e jogos digitais. Gucci e Versace são exemplos disso.

Com o isolamento social, as pessoas passaram a priorizar muito mais o conforto, mas sem deixar a beleza de lado. Diante da fragilidade do momento, compreendeu-se a necessidade do bem-estar, que também inclui se sentir bem na própria pele quando o assunto é roupa.

Moletom, tie-dye, estética e-girl/e-boy e cottagecore (que remete à vida no campo) foram algumas das principais tendências que dominaram as redes — em especial o aplicativo queridinho que conquistou o coração dos usuários durante a pandemia e nunca mais perdeu força, o TikTok, importantíssimo para a moda atual.

Eventos marcantes entre 2011 e 2020:

  • 2013 – Morrem 1138 pessoas no desabamento do Rana Plaza, edifício em Bangladesh que abrigava enorme confecção de roupas para diversas marcas globais. Outros 2500 trabalhadores se ferem gravemente. Isso abre uma discussão sobre como a produção em massa da indústria da moda usa de exploração dos direitos humanos para a geração de lucros.
  • 2016 – O Grupo Armani anuncia o fim do uso de pele de animais, incentivando outras marcas a tomarem medidas para acabar com a crueldade animal.
  • 2014 – Criação do Fashion Revolution, movimento que busca pela reforma da indústria da moda diante da necessidade de mais transparência e responsabilidade na cadeia de abastecimento.
  • 2015 – Durante a apresentação da Colcci na São Paulo Fashion Week, Gisele Bündchen encerra sua carreira de modelo ao desfilar pela última vez.
  • 2016 – O Instagram passa a funcionar com base em algoritmos, sofisticando a curadoria e direcionamento de conteúdos. Os resultados são mais usuários, mais engajamento e mais dinheiro.
  • 2016 – Instalação da Fashion Experience: o outro lado da moda, uma ação feita na Av. Paulista com simulação de condições precárias de trabalho para conscientizar a população sobre os abusos sofridos por funcionários de confecções.
  • 2019 – Victoria Secret’s encerra sua trajetória de desfiles por não aceitar as exigências do público de que modelos não magras façam parte do show.
  • 2019 – Morte de Karl Lagerfeld, diretor-criativo mais longevo da Chanel.
  • 2020 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) anuncia a pandemia de covid-19, que paralisa diversos setores de atuação, incluindo o da moda.

Como vimos, a evolução da moda brasileira não apenas espelhou as mudanças de cada era, mas também desempenhou um papel crucial na definição de identidades e na expressão de valores culturais. A moda, ao longo desses anos, tornou-se uma poderosa forma de comunicação e inovação, adaptando-se continuamente às necessidades e aspirações da sociedade.

Esse texto faz parte de uma sequência de três conteúdos. Se você ainda não viu os dois primeiros, aproveite e confira agora mesmo:

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