A cada quatro anos os amantes do futebol tem a oportunidade de vivenciar e assistir a um dos maiores e mais importantes eventos esportivos do mundo. Uma história que começou em 1930 e que, além de revelar grandes craques e campeões, trouxe a campo outra grande protagonista: a bola. Item indispensável para a realização das partidas, ela foi reinventada, transformada e adaptada a cada nova edição da Copa do Mundo. Vamos fazer uma viagem no tempo e saber como tudo isso aconteceu.

O início
Após assumir o comando da FIFA em 1928, o francês Jules Rimet, faz a criação do evento que hoje conhecemos por Copa do Mundo. Sendo sua primeira edição realizada somente em 1930, no Uruguai, com apenas 16 seleções convidadas, não havia disputa de eliminatórias. Coincidência, ou não, a grande campeã desse ano foi a equipe uruguaia, a primeira a levantar e levar para casa a famosa taça Jules Rimet.

Durante a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1942 e 1946, o evento teve que ser suspenso e foi retomado em 1950, quando o Brasil foi escolhido como o país sede, fato que aconteceu também em 2014.
O primeiro título da nossa seleção só veio em 1958, na Suécia e de lá pra cá, já levantamos o caneco outras quatro vezes (1962, 1970,1994 e 2002). Somos a única seleção pentacampeã mundial e seguimos em 2022 rumo ao hexa, no Catar. Esse ano, a competição será realizada de forma inédita entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro, para fugir do forte calor que atinge o oriente Médio em junho.
Comandada por Tite, a seleção verde-amarela, integra o grupo G da competição e fará sua estreia contra a Sérvia, no dia 24 de novembro, a partir das 16 horas. Antes que o juiz dê o primeiro apito, vamos falar um pouquinho sobre aquela que faz o jogo rolar. Conheça os materiais, a tecnologia e os modelos de todas as bolas que marcaram a história das Copas.
Cada edição uma nova história
O primeiro modelo de bola utilizada em partidas oficiais, foi também um dos mais problemáticos, talvez pelas condições e possibilidades disponíveis naquela época. Confeccionada em couro, com costura externa e bico de enchimento para fora, o acessório usado nas competições de 1930, 1934 e 1938 dificultava algumas jogadas e era o terror dos jogos na chuva, isso porque quando molhada, absorvia a água e ficava ainda mais pesada.
Uma curiosidade dessa época é que alguns jogadores que costumavam cabecear com mais frequência, passaram a usar faixas e toucas para proteção e só em 1950, no Brasil, o problema foi resolvido, com as costuras e o bico colocados para dentro da bola.
Foi em 1958 na Suécia, que a bola começou a se destacar, teve até concurso internacional para definir o modelo da competição que consagrou o Brasil campeão pela primeira vez. Até 1962 não tivemos muitas novidades com relação ao uso de novos materiais e tecnologias, a fabricação era em couro e sua coloração amarronzada.
A primeira bola branca e preta foi usada em 1970, no México. A emblemática Adidas Telstar tinha 32 gomos, costurados a mão e foi desenvolvida para facilitar a visualização nas TVs, já que esta foi a primeira vez que os jogos foram transmitidos ao vivo. Seu nome significa “Estrela da Televisão”.
A competição de 1974, na Alemanha, trouxe a campo duas versões diferentes: a já conhecida Telstar Durlast e a Chile Durlast, que era toda branca. O modelo Tango surge em 1978, na competição que aconteceu na Argentina e serve de inspiração até 1998, trazendo um design diferenciado que criava a impressão de 12 círculos idênticos.
A Tango España (1982) foi o último modelo confeccionado em couro na história das Copas e seu grande destaque foi uma inovação tecnológica que reduziu a absorção da água, com costuras seladas e impermeáveis foi possível minimizar o aumento de peso dela quando molhada.
Em 1986, no México, surge a primeira sintética, com muito mais resistência a água e durabilidade. A Adidas Azteca também chamava atenção por seu visual, inspirado em grafismos astecas.
Na década de 90 surge a primeira totalmente impermeável, a Adidas Etrusco Unico foi confeccionada com uma capa interna de espuma de poliuretano, materiais sintéticos e à prova d’água. Seu visual também foi inspirado na cultura do país-sede, mostrando cabeças de leões etruscos.
A Copa de 94, nos Estados Unidos, trouxe ainda mais tecnologia com uma camada de polietileno, que a deixou mais suave ao toque e proporcionou velocidade. Por esse motivo, a Adidas Questra causou polêmica na época e muitos goleiros reclamaram da imprevisibilidade de direção dos chutes, principalmente quando ela estava molhada.
A Adidas Tricolore foi a primeira versão multicolorida, usada na França em 1998, trazia no seu visual galos estilizados, representando o animal e as cores do país. O ano de 2002 no Japão foi marcado pela inovação e o modelo Tango foi abandonado de vez. A Adidas Fevernova tinha um colorido revolucionário e passou a ter três camadas de espuma sintética refinada para aumentar sua performance, fato que acabou gerando críticas, tamanha era sua leveza.
O adeus às costuras veio somete em 2006, na Alemanha. As junções passaram a ser soldadas com calor e o resultado foi uma bola mais lisa, com apenas 14 gomos. Seu nome Teamgeist significa “espírito de equipe” em alemão. Uma curiosidade: todas as bolas vinham marcadas com informações do jogo (nome das equipes, horário, local e data), com exceção da partida de decisão que estava escrito apenas “Final”.
A inesquecível Jabulani, foi a bola da Copa da África do Sul, em 2010. Um modelo bonito, mas temido por muitos goleiros que criticaram sua trajetória irregular. Seu design apresentava 11 cores, em referência ao número de jogadores de um time de futebol, mas também simbolizava o total de idiomas oficiais e tribos que formam sua nação.
Batizada de Brazuca após uma votação inédita com torcedores, a bola oficial da Copa de 2014, realizada aqui no Brasil, era bem colorida e simbolizava toda paixão do nosso povo pelo futebol. Essa bola ganhou uma edição especial para a decisão do título, com traços dourados e verdes, simbolizando a Taça FIFA.
Na Rússia, em 2018, vivenciamos a reinvenção de um clássico com a Telstar 18, os tradicionais gomos em preto e branco deram lugar a estampas metálicas e efeito texturizado. É a primeira bola com chip NFC, com número de identificação individual, permitindo a interação com smartphones.
Vem 2022…
Os jogos ainda nem começaram no Catar, mas a Adidas Al Rihla já está batendo um bolão fora dos campos. A bola oficial da Copa em 2022 terá 1% do lucro de suas vendas revertido para a iniciativa Common Goal até 2023. O modelo traz o logo oficial do mundial e seu visual foi inspirado na arquitetura, cultura e também na bandeira do país-sede. Seu nome significa “A Viagem”, em árabe.
O Nome das Bolas da Copa
Confira aqui a lista completa com modelo, ano e país em que foram usadas:
Copa do mundo | País | Bola oficial |
1930 | Uruguai | TIENTO |
1934 | Itália | FEDERAL 102 |
1938 | França | ALLEN |
1950 | Brasil | DUPLO T. |
1954 | França | SWISS WORLD CHAMPION MATCH BALL |
1958 | Suécia | TOPS STAR |
1962 | Chile | CRACK |
1966 | Inglaterra | SLAZENGER CHALLENGE 4-STAR |
1970 | México | TELSTAR |
1974 | Alemanha | TELSTAR DURLAST |
1978 | Argentina | TANGO |
1982 | Espanha | TANGO ESPAÑA |
1986 | México | AZTECA |
1990 | Itália | ETRUSCO ÚNICO |
1994 | EUA | QUESTRA |
1998 | França | TRICOLORE |
2002 | Japão e Coreia do Sul | FEVERNOVA |
2006 | Alemanha | TEAMGEIST |
2010 | África do Sul | JABULANI |
2014 | Brasil | BRAZUCA |
2018 | Rússia | TELSTAR 18 |
2022 | Catar | AL RIHLA |
- TIENTO (Uruguai – 1930)

- FEDERAL 102 (Itália – 1934)

- ALLEN (França – 1938)

- DUPLO T. (Brasil – 1950)

- SWISS WORLD CHAMPION MATCH BALL (França – 1954)

- TOPS STAR (Suécia – 1958)

- CRACK (Chile – 1962)

- SLAZENGER CHALLENGE 4-STAR (Inglaterra – 1966)

- TELSTAR (México – 1970)

- TELSTAR DURLAST (Alemanha – 1974)

- TANGO (Argentina – 1978)

- TANGO ESPAÑA (Espanha – 1982)

- AZTECA (México -1986)

- ETRUSCO UNICO (Itália – 1990)

- QUESTRA (EUA – 1994)

- TRICOLORE (França – 1998)

- FEVERNOVA (Japão e Coreia do Sul – 2002)

- TEAMGEIST (Alemanha – 2006)

- JABULANI (África do Sul – 2010)

- BRAZUCA (Brasil – 2014)

- TELSTAR 18 (Rússia – 2018)

- AL RIHLA (Catar – 2022)

São tantas histórias, alegrias e tristezas que só um brasileiro apaixonado por futebol consegue sentir e vivenciar todas as emoções de uma Copa do Mundo. Quem mais está ansioso pra torcer pela nossa seleção?